Nossas emoções são como um reflexo, em forma de diversos tipos de sentimentos, às coisas que vivenciamos. Ao longo da vida experimentamos os mais diversos tipos de emoções, que são uma experiência subjetiva que pode estar associada à faixa etária ou ao meio de vida, mas estão mais especificamente associadas a características intrínsecas à pessoa, como o temperamento e a personalidade. De maneira geral, nós não somos responsáveis pelas nossas emoções, mas sim pelo que fazer a partir delas. As emoções são como uma resposta instintiva que se forma diante de cada situação que vivemos; elas nos permitem a atribuição de significados a esses acontecimentos. O impulso das emoções em nosso íntimo, nos motiva a agir, e isto é importante, porque, você pode imaginar como seria uma pessoa sem emoção alguma? Esta seria completamente apática e indiferente ao mundo à sua volta. Desta forma, a emoção constitui um elemento indispensável à vida humana, além de ser uma característica própria da nossa natureza.
Alguns exemplos de emoções comuns são a raiva, tristeza, medo, alegria, que podem variar entre diferentes níveis de intensidade e constância, por exemplo: uma pessoa pode sentir um medo intenso, o que se configuraria como pavor; ela também pode ser afligida com um medo considerado insuportável, como o pânico; ao sentir um medo leve ela poderia se considerar apreensiva; preocupada, quando tiver um medo moderado; e ansiosa, se configurar um medo constante. É comum que experimentemos todas essas emoções em algum momento, mas o que as tornará prejudiciais será a desproporção: de seu aparecimento e tempo de duração, assim como dos seus efeitos e consequências. Por exemplo: a raiva e o medo, em quantidades saudáveis, podem te impulsionar a reagir na hora certa e a sair de uma situação de perigo ou, de alguma forma, injusta. No entanto, as emoções desproporcionais nos levam a reações inadequadas, nas quais agimos com demasiada intensidade de acordo com a emoção. Estas sim podem ser consideradas emoções destrutivas, uma vez que geram danos, tanto à pessoa que se emociona, como a terceiros.
É importante que nos atentemos a como as nossas emoções incidem sobre nós, devido ao fato de que descontroles emocionais podem ter consequências graves para as nossas vidas. Quando uma pessoa passa por um acesso emocional, caracterizado por um intenso e hostil bombardeio de afetações emocionais (psicofísicas, na medida em que se iniciam na mente e produzir efeitos físicos na pessoa), ela entra em descontrole emocional, o que resulta em um esgotamento emocional que abate todo o seu ser, podendo lhe tirar a motivação até para procurar ajuda. O descomedimento emocional só gera excessos atrás de excessos, porque na medida em que a pessoa tenta resolver a sua situação e percebe que não consegue encontrar uma saída por si mesma, ela novamente se emociona, e assim acontece a cada nova impossibilidade que a encontra, tornando-a mais fragilizada e imersa em suas emoções.
A psicoterapia intervém neste processo para possibilitar que tal pessoa possa sair por si mesma dessas situações de esgotamento emocional e, principalmente, conduzi-la a uma estabilidade emocional de forma que ela não caia facilmente neste tipo de situação novamente. Desta forma, o objetivo da psicoterapia será propiciar o desenvolvimento da autonomia psicológica do ser, que irá adquirir, progressivamente, capacidade de se dominar as emoções de maneira racional, encontrando por si só a melhor forma de sair de seus impasses, e optando por dar espaço apenas para as emoções saudáveis que lhes dê satisfação.
É bom ressaltar que as emoções bem encaminhadas podem produzir efeitos muito positivos na vida da pessoa. Duas características interessantes da emoção é que ela tem um grande poder atrativo, visto que, quando associamos uma emoção agradável à determinada pessoa, coisa ou situação cria-se em geral um vínculo com relação a isso; além disso, a emoção faz bem à memória, prova disso é que lembramos melhor de situações que ocorreram em meio a uma carga emocional maior.
A emoção é um processo psicofísico porque ele envolve o corpo como um todo. Expressões corporais externas revelam um estado interno de emoção. Alguns exemplos de como nosso corpo responde às emoções, são: olhos que “brilham”, “frio” na barriga, coração disparado, sorrisos, choro, dor de barriga, garganta seca, calor ou frio no corpo, tremedeira, desmaio, membros agitados, movimentos repetitivos. Estes são alguns dentre muitos comportamentos que as pessoas assumem frente a diferentes emoções.
É possível afirmar que não há emoção que não provoque efeitos físicos no corpo de quem a experimenta, assim como também não há emoção sem causa, ou seja, ela sempre é ocasionada por algum motivo. Apesar de vários fatores estarem relacionados às emoções que uma pessoa vive, sempre há algo que desencadeia o processo emocional, o que poderia ser comparado figurativamente a um gatilho ou botão que aciona a cadeia de emoções e reações. Nossas emoções podem ser estudadas e compreendidas durante a psicoterapia, visto que elas ocorrem em situações, dia, hora, lugar, com pessoas e acontecimentos específicos, que compõem seu contexto. Em geral, emoções, dentro de seu contexto próprio de formação, estão ligadas a como a pessoa se relaciona com os elementos deste contexto, e com como essa disposição de coisas viabiliza, ou não, os desejos da pessoa que se emociona.
Algumas considerações devem ser feitas sobre as emoções. Primeiro, é que a emoção é um agente viciante, ou seja, a emoção vicia. E muitas pessoas acabam se acostumando, ou melhor, se viciando, em certos tipos de emoção, e, consequentemente às situações que a geram. As pessoas não só se acostumam como também gostam e têm prazer nos mais diversos tipos de emoção; um exemplo claro disso, é o fato de existirem filmes de terror e suspense com grande aceitação e público. A partir disso, depreende-se que as pessoas gostam e muitas vezes optam por experimentarem emoções “negativas”. No entanto, até mesmo as emoções “boas”, que produzem endorfina ou adrenalina em nosso corpo, como, por exemplo, o bem-estar ao se praticar uma atividade física, pode se tornar problemático se a prática se tornar excessiva.
O problema ocorre quando a pessoa passa a depender dessas experiências para conseguir sentir-se bem consigo mesma, e o que acontecia com naturalidade passa a ser fruto de experiências forçosas, nas quais esta pessoa passará a perseguir situações para sentir novamente e constantemente, a emoção que uma hora a satisfez. Este fato explica porque existem pessoas viciadas a certos tipos de música, livros e filmes, ou que quer se relacionar com outras pessoas de maneira muito breve e intensa, ou ainda, pessoas que se colocam em situações de risco desnecessário para sentirem a adrenalina de se estar no limite... Dentre tantos outros casos.
A atribuição de significado, que tais pessoas atribuem à sua “intensidade”, acaba se tornando uma barreira para que se alcance a melhora, visto que, muitas vezes, o comportamento exagerado é apreciado pelas pessoas que cometem este tipo de ação. E isto é muito comum em pacientes diagnosticados com transtorno bipolar, que são pessoas que experimentam emoções muito fortes e contrastantes, que oscilam entre extremos ao longo do tempo; e por vezes é difícil transmitir a essas pessoas, assim com aos seus familiares, a noção de que ser uma pessoa “menos intensa” seria justamente um caminho para a melhora deste problema. Para sair do extremo, tanto da intensidade como da apatia, é necessário trazer à pessoa a noção do valor da harmonia e do equilíbrio, que promovem paz interior.
Em diversas situações nossas emoções podem gerar impasses que precisam ser solucionados para que a pessoa possa seguir normalmente com as atividades que desempenha, e com o amadurecimento ao longo da vida. Alguns exemplos de emoções que geram impasses são: medo de andar de elevador, de dirigir, de altura etc. Impasses emocionais são, portanto, situações nas quais nossas emoções nos impedem de agir autonomamente, uma vez que nossa capacidade de ação está circunstancialmente limitada, devido aos efeitos físicos e mentais que tais emoções exercem sobre nós.
Há momentos também, em que vivenciamos explosões emocionais, que podem estar respaldadas em qualquer tipo de emoção. Essas explosões são acionadas quando algo deflagra sentimentos que estavam se acumulando no íntimo da pessoa. Ao longo da nossa história, acumulamos vivências que podem tanto nos deixar fortes em alguns pontos, como podem nos deixar fracos em outros pontos. O “gatilho” de nossas explosões com emoções desproporcionais é justamente aquela marca de fragilidade que alguma vivência deixou na pessoa, em determinado momento de sua vida. É por isso que algumas pessoas ficam transtornadas com algo que pode parecer normal ou ínfimo para outras pessoas.
Concluímos então que: as emoções se revelam no corpo, estão sempre relacionadas a um contexto material e a uma estrutura psicológica, identificada, em parte, pela personalidade da pessoa. A partir do mapeamento destes componentes, o psicoterapeuta irá verificar objetivamente o caso da pessoa e, valendo-se de métodos clínicos, irá planejar, com segurança, a intervenção apropriada para que a pessoa supere seus impasses emocionais. Sendo assim, a psicoterapia proporciona um espaço favorável para que a pessoa coloque em pauta as suas experiências emocionais para que suas “marcas” possam ser mais bem compreendidas e superadas, na medida em que a psicoterapia oferece uma oportunidade para a pessoa reorganizar a sua forma de pensar as suas experiências emocionais, além de possibilitar o desenvolvimento de ferramentas internas que possibilitem respostas mais harmoniosas às situações que antes provocavam reações desproporcionais.
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